O ícone peregrino em formato de uma igreja, oriundo do Estado de Mato Grosso, representa a igreja em saída em seu 15º intereclesial das CEBs.
A celebração foi realizada pelo Diácono Francisco de Oliveira, logo após a contemplação do terço, a leitura bíblica, cantos, meditação da palavra pelos integrantes do movimento e convidados.
A leitura foi extraída da Bíblia Sagrada, em Atos dos apóstolos, que faz referência à partilha comunitária:
A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém considerava suas as coisas que possuía, mas tudo entre eles era posto em comum. Com grande poder, os apóstolos davam testemunho da ressureição do Senhor Jesus, e sobre todos eles multiplicava-se a graça de Deus. Entre eles ninguém passava necessidade, pois aqueles que possuíam terras ou casas as vendiam, traziam o dinheiro e o depositavam aos pés dos apóstolos. Depois era distribuídos conforme a necessidade de cada um. (AT, 4: 32-35)
Ao refletir e explanar o conteúdo da leitura acima descrita entre os presentes, foi observado grau de solidariedade, amor ao próximo e humildade refletida pelo gesto de amor, fé e confiança, fazendo jus à vontade de Deus. Doar-se e partilhar os bens materiais e espirituais ao testemunhar a ressureição do Senhor Jesus. A reflexão trouxe à luz, a vivência dos tempos atuais, em que os pobres são excluídos e, invisíveis em uma sociedade, onde muitos se fecham no seu egoísmo e, sobretudo, quando a maioria da população se acomoda, eximindo-se da oportunidade da prática no agir como uma “igreja em saída”.
Em se tratando de um movimento que envolve várias questões, ressalta-se que, as represálias foram constantes e muitos fiéis tornaram-se mártires, a exemplo de Jesus e dos primeiros Cristãos, ao regarem as CEBs, com o próprio sangue ao partilhar o que tinham dando testemunho da palavra até às últimas consequências.
A essa assertiva, corrobora-se, com a expressão do teólogo Libanio (2014, p. 479): “Por isso, o “agora” significa “perder o medo de falar, de emitir juízos sobre os acontecimentos e fatos e concitar outros para uma ação comum”. Trata-se aí da “passagem do saber recebido até então de fora, de modo impositivo e até mesmo opressor, para um saber descoberto, verbalizado [...]”.
As CEBs foram consideradas atividades urgente pelos bispos para renovar as paróquias e lançado em 1968, pela Editora Vozes, na obra de Pe. Raimundo Caramuru. Atualmente não se sabe quantas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) existem no Brasil. Conclui-se que, mais de 50 mil, e, como fruto do Concílio Ecumênico de 1962-65, elas constituem a base de uma estrutura eclesial alternativa à estrutura paroquial instituída no século XVI pelo Concílio de Trento. Surgiu entre meados da década de 1960 e início dos anos 1970 e, até hoje surpreende por sua vitalidade religiosa, social e política. (LIBANIO, 2014).
Dentre os movimentos mais conhecidos no Brasil destaca-se: Renovação Carismática Católica (RCC), Movimento dos Focolares, Encontro de Casais com Cristo (ECC), Cursilhos de Cristandade, Opus Dei, Comunhão e Libertação, Nova Aliança, Movimento de Schönstatt e Neo-Catecumenato.
Compreendendo as nomenclaturas: ECLESIAIS, trata de um grupo de seguidores em comunhão com Jesus, tomando por base o exemplo de Jesus e dos apóstolos. BASE, porque é vivida pelo povo que está na base humana e cristã, gente pobre ou pessoas que se colocam ao lado dos pobres, presente desde o começo da igreja com os primeiros cristãos. INTERCLESIAIS, tem por finalidade reunir os representantes das CEBs, com finalidade de partilhar as experiências, a vida, as reflexões das CEBs, para manter viva a memória da caminhada da nossa igreja.
O diácono Francisco teve a oportunidade de participar de 2 encontros da CEBs, e fez um riquíssimo relato de sua vivência dando testemunho desta experiência tão importante para os servos de Deus.
Primeiro encontro: em Trindade-Goiás, de 21 a 25 de julho de 1986. Teve como Tema da parte 1: “Nova forma de ser igreja" e, contou com a presença de quase 2.000 pessoas, dentre, membros das bases, agentes de pastoral, bispos, representantes estrangeiros e de outras Igrejas e assessores que celebraram a fé da Igreja dos oprimidos, sua esperança, seus padecimentos, martírios e vitórias. Segundo encontro: em Feira de Santana-Bahia, em 1987, teve a mesma profundidade que antecedeu seu primeiro encontro.
As experiências do Diácono Francisco, aguçou, de certo modo, a curiosidade entre os convidados, em conhecer mais profundamente este movimento que dentre muitos, constitui uma base de sustentação e alimento para a igreja no sentido de promover a partilha do alimento, do amor, da solidariedade, bem como o desejo do fazer e tornar conhecido pela palavra os passos de Jesus e seus seguidores, como os apóstolos e uma multidão de fiéis.
A igreja nos convida a sermos partícipes da “igreja em saída” e constituidores de uma vida plena para todos, em missão, compromisso e partilha, solidificando o processo sinodal e, viver a sinodalidade ao “caminhar juntos’!
Pascom Catedral de Coroatá-MA
Texto e fotos: Cecilna Teixeira
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