DIA NACIONAL DE COMBATE AO TRABALHO ESCRAVO (28/01)


DIA NACIONAL DE COMBATE AO TRABALHO ESCRAVO (28/01)


A data foi oficializada em 2009, mas, a luta, advém desde o início dos anos 1970, representados pela Igreja, por dom Pedro Casaldáliga, e a Comissão Pastoral da Terra (CPT), organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que tem denunciado a utilização do trabalho escravo na abertura das novas fronteiras agrícolas do país.

Atraídos pelas oportunidades de trabalho em novas fronteiras agrícolas o trabalhador busca emprego em outros âmbitos. Nesta perspectiva, Barros et al (2020), ressalva:
O trabalhador no fluxo de procura por oportunidades e o deslocamento ocasionado pelo avanço do capital para essas fronteiras agrícolas gera uma procura por espaços de intensa mobilização de capital, como regiões de avanço do agronegócio, cidades que dão suporte a essas regiões, capitais e cidades médias próximas.
Muitos trabalhadores não têm o tão sonhado salário, condições de moradia e respeito. Neste sentido observa-se que o trabalho escravo fere a dignidade da pessoa humana, quando são forçosos à prática de um trabalho degradante, em que muitas das vezes, as vítimas seguem para uma outra região fugindo da miséria em busca de algo melhor, para seu sustento e da família e deparam com situações esdrúxulas de submissão, maus tratos físicos, psíquicos e morais. Existe ainda, trabalhos oriundos em plena contemporaneidade localizados nas zonas urbanas, como em casas de luxos, que tratam seus secretários como serviçais, desprovidos até do direito de ir e vir.

“Em Gálatas 5:1 – Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Portanto, permaneçam firmes e não se deixem submeter novamente a um jugo de escravidão”.

Em sentido figurado, jugo de escravidão, significa submissão, obediência, domínio, opressão, sujeição em que viviam os escravos. Considerando que jugo trata-se de uma peça de madeira para unir dois bois para que andem no mesmo compasso.

Em se tratando do trabalho escravo no Brasil, a prática é fruto da ganância, da miséria e da impunidade. Ganância pelo ter, alimentada muitas vezes por mentiras e pela cobiça de ter sempre mais, quando esquecem o ser, ao servir-se da miséria do seu próximo, enquanto muitos patrões levam a vida imunes à impunidade. Quando há fiscalização, muitos os auditores são coagidos e até mortos, como acontecido no ano de 2004, em que foram mortos enquanto executavam seu trabalho, os seguintes profissionais, conforme citado: “[...] Erastóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva, e o motorista Ailton Pereira de Oliveira [...]” (REVISTA IHU, 2022).

A igreja persevera na atenção a essas barbáries, pois trata–se de filhos de Deus que vivem sob o processo de exclusão social. Tendo em vista, as ocorrências desses fatos, a CNBB lançou em 2014, como tema da Campanha da Fraternidade “Fraternidade e tráfico humano” e, continua a desenvolver seu trabalho em prol dos menos favorecidos em um desafio que consiste em oração, diálogos com as dioceses, comunidades e fazem denúncia, na perspectiva de que haja mudança neste cenário de depreciação que fere e causa sérios danos à dignidade do ser humano, pois são filhos de Deus!

Observa-se, portanto, que a grande oferta de mão-de-obra barata, em face do grande número de desempregados vitimados pela fome e pela miséria, agrava a situação dos trabalhadores escravizados. Que Deus ilumine os representantes da igreja em união com a sociedade civil e o Estado, como representantes dos seus filhos, interferindo e ajudando o seu próximo!


Pascom Catedral de Coroata|MA
Texto: Cecilna Teixeira
Foto: COETRAE MA

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