“Vaticano” e “Santa Sé”, saiba a diferença entre ambos

 
Ma. Paola Daud

“Vaticano” e “Santa Sé”, saiba a diferença entre ambos

Não, esses termos não se referem à mesma coisa!



    Geralmente, a mídia e os fiéis católicos utilizam as expressões “Santa Sé” e “Vaticano” como sinônimos. Trata-se, entretanto, de um erro.
    De fato, estas são duas entidades diferentes, mas comandadas pela mesma pessoa: o Papa.
    Não está entendendo nada? Então, vem com a gente conhecer a diferença entre Santa Sé e Vaticano.

A Santa Sé

De maneira geral, a expressão Santa Sé (ou Sé Apostólica) refere-se à cúpula da Igreja Católica. Diz o Código de Direito Canônico:

    “Com o nome de Sé Apostólica ou Santa Sé designam-se neste Código não só o Romano Pontífice, mas ainda, a não ser que por natureza das coisas ou do contexto outra coisa se deduza, a Secretaria de Estado, o Conselho para os negócios públicos da Igreja, e os demais Organismos da Cúria Romana” (Cân. 361).
    Civil e tecnicamente falando, não se deve entender a Santa Sé como um Estado. Pelo contrário: ela se refere ao Romano Pontífice, ou seja, ao ofício ou à função do Romano Pontífice. Em outras palavras: designa o papado, o primado romano e a sua pessoa.

Funções

    Ainda de acordo com o Código de Direito Canônico, são funções dos representantes da Santa Sé (Legados pontifícios):


“ 1.° informar a Sé Apostólica acerca das condições em que se encontram as Igrejas particulares, e de todas as coisas referentes à vida da Igreja e ao bem das almas;

2.° assistir aos Bispos com a sua acção e conselho, mantendo-se integralmente o exercício do legítimo poder dos mesmos;

3.° fomentar relações frequentes com a Conferência episcopal, prestando-lhe todo o auxílio;

4.° no respeitante à nomeação dos Bispos, transmitir ou propor à Sé Apostólica os nomes dos candidatos, e bem assim instruir o processo informativo acerca dos que hão-de ser promovidos, segundo as normas dadas pela Sé Apostólica;

5.º esforçar-se para que se promovam acções em favor da paz, do progresso e da cooperação entre os povos;

6.° cooperar com os Bispos para o fomento das relações entre a Igreja católica e as outras Igrejas ou comunidades eclesiais, e até mesmo com as religiões não cristãs;

7.° defender junto dos governantes dos Estados, em acção conjunta com os Bispos, o que pertence à missão da Igreja e da Sé Apostólica;

8.° exercer enfim as faculdades e cumprir as ordens que lhe forem transmitidas pela Sé Apostólica.


O Vaticano

    Já a expressão Vaticano se refere à Cidade-Estado Vaticano, que inclui a Basílica Vaticana e o Palácio Apostólico.
    A criação do Vaticano ocorreu em 1929, com a assinatura do Tratado de Latrão entre a Santa Sé e a Itália. Através deste tratado, a Itália, em linhas gerais, se comprometeu a admitir a soberania do novo Estado e adotar o catolicismo como religião oficial.
    A Cidade-Estado do Vaticano tem um território de menos de um quilômetro quadrado, encravado na cidade de Roma, em uma área totalmente urbana. Seu governo é livre e soberano, constituído pela Cúpula da Igreja Católica, que adotou a Monarquia, como forma de governo. O Papa, é o chefe de Estado. Ele deve ser eleito em um colégio de cardeais (conclave) para um cargo vitalício. No Estado do Vaticano, o Papa detém os poderes legislativo, executivo e judiciário.

Laços diplomáticos

    Diferentemente da Santa sé, cujos laços diplomáticos não param de se estender, o Vaticano (menor Estado do mundo) tem suas relações limitadas, principalmente, ao país vizinho, a Itália.
    Desde que foi território-prisão do Papa em 1870, a Cidade-Estado do Vaticano se tornou uma instituição de apoio à Santa Sé. Sua finalidade é garantir a liberdade da Igreja Católica e sua independência dos governos.
    Portanto, se o Estado do Vaticano desaparecer algum dia, a Igreja e a Santa Sé não deixarão de existir nem de formar um sujeito soberano do ponto de vista do direito internacional.


Fonte Aleteia

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